domingo, 20 de março de 2011

Tudo eu posso, mas tudo me convém?

Questão
Viajante, o Tarô é uma arte eclética, livre e libertária de tal modo que muitos transpassam o seu senso comum, indo pelas veredas do anarquismo. Podemos escrever, falar, fazer analogias com tudo que exista em nosso universo, com os conceitos de seus atributos e até com cousas que nem sabemos se existem. Dentro ou fora da matula do Arcano S/Nº. Sim podemos!

Podemos fazer pontes com personagens e situações de filmes, livros, novelas, contos de fadas, como com outras ciências humanas e com as tais ciências ocultas - que é bem do gosto dos esquisotéricos emergentes. Sim podemos… Só não podemos esquecer o cerne do que é Tarô: um conjunto de imagens medievais que retratam situações arquetípicas. Ou seja, um meio de prever ou prevenir? orientar, autoconhecer-se. 

Atenção: Tarô ou lâminas de Tarô não são arquétipos da vida humana #porfavor. O herói, por exemplo, é um arquétipo, enquanto que o Mago remonta a esse arquétipo.

O Heroi

Vã-filosofar sobre os conceitos do Tarô, buscando interação com o momento atual do mundo, pode ser uma maneira de viajar na maionese. Portanto, evite que o tempero desande e gere alguns ridículos contraditórios que deixarão os mais desatentos bastante confusos com algo que deveria ter uma natureza simples e bonita.

É com pesar que tenho notado em minhas andanças pela web 2.0, alguns fenômenos estranhos, quando não absurdos. Reinvenções do Arcano X. Em nome da vaidade ou da sanha de um marquetim pessoal, que no fim diferencia mesmo o tarólogo, porém com efeito indesejado.

Será que vende mais? Em todo caso, prefiro neste domingo outonal, rir a me chatear com algumas sumidades da tarologia e da taromância do cenário tupiniquim, que deveriam mesmo ser referencial do nicho, que meros prestadores de desserviços ao velho baralho e à arte de prever em geral.

O Arcano XIX nasceu para todos, mas a sombra fresca do prestígio, só para poucos que estudam e sabem dar-se o devido respeito, por respeitarem algo que sempre foi o que é: Tarô é Tarô, e não uma mixórdia exotérica.

A pergunta que não cala: se no Tarô tudo eu posso, será que tudo me convém? Será que temos que aceitar as convenções de algumas sumidades? Mesmo seres de tão alta espiritualidade se mostram por vezes, um tanto contraditórios quanto aos princípios evocados por seus panfletos e banners. Deixo, por fim, uma reflexão de Moisés Maimônides, com votos de excelente ano novo astrológico para todos:

“Alguns homens lutam pela riqueza, outros gostariam de ser fortes e sadios; outros ainda almejam fama e glória. Mas os sábios aplicam seu coração à sabedoria, a fim de que, sabendo, possam compreender o propósito de sua vida e conduzir o seu destino, antes que advenham as trevas.”Rambam.

4 comentários:

  1. Oi João,

    Parabéns pelo artigo! Coloca-nos a refletir sobre o grande mal que tem imperado no meio tarológico: a mania de se agregar tudo ao Tarô como se ele tivesse vindo ao mundo sem um braço ou uma perna! rsrsrsrsrs

    Nosso único alento em meio a tudo isso: termos a consciência de que o Tarô, em seu papel de orientação oracular, está perfeito, portanto, não precisa dos "puxadinhos" que muitos insistem, desde o século XVIII, em lhe agregar ...

    Abraço amigo e continue assim, nos brindando com artigos lúcidos.

    Ricardo Pereira

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  2. @RiccaPereira,

    um puxadinho a custo de cobertura na Vieira Souto para quem está se "iniciando", também me assombrou no passado! Tive a felicidade de ter algumas noções de ocultismo/esoterismo antes de singrar pela "Estrada Real".

    Somente com o passar do anos que foi possível separar o que me vendiam como necessário do que realmente é essencial para ler Tarô, assim encontrei o caminho.

    Forte abraço reikiado e obrigado por sua valiosa atenção.

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  3. Nossa, sabe que eu tava pensando sobre isso na semana passada? Ando recebendo cada propaganda... uma ainda conseguiu me assustar... onde chega a cara-de-pau pra conseguir mais marketing... kkkk
    Como tudo na era do fast-food e da pouca memória, eu tenho fé que vai passar! hahahahaha

    Bjs, herege!

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  4. @AnitaLaFey,

    sabe Pagã, penso que não há marketing melhor que um trabalho sério e simples: O bom feijão com arroz sem invencionices travestida de esoterismo de banca de jornal. Também espero os modismos passarem.

    Bjs!

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