
“Deus me dê a serenidade da Temperança para aceitar as coisas que não posso mudar; a coragem da Força para mudar o que puder; e a profunda sabedoria do Eremita para distinguir uma coisa da outra.”
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para...
Temos aquelas fases na vida que parece que tudo a nossa volta está letárgico, parado e enfadonho. Dias tão iguais de rotina que tudo demanda tempo e espera; ação? Apenas para conciliar. Tudo tem gosto e cheiro de tédio e lentidão, o que aconteceu? Um anjo pisou na terra, e está movendo alquimicamente água de um jarro para outro sem desperdiçar uma gota sequer.
Que mensagem ele trás? Que temos de harmonizar assuntos pendentes, que protelamos ou empurramos para o lado e, para vida voltar a fluir para fora dos seus jarros, temos que resolver o que protelamos. Este mensageiro é a advertência que uma interferência se faz justamente para isto: reconciliar. Ainda assim, mesmo esses resultados precisaram de um bom tempo para ser percebidos... e que serão possíveis se tivermos paciência... de Job.
Enquanto todo mundo espera a cura do mal, e a loucura finge que isso tudo é normal, eu finjo ter paciência...
“Temperança numa leitura é temperança na vida”. Ter a virtude do discernir: para qualquer realização necessitamos de acordos em longo prazo e muito equilíbrio, planejamento, mas não estamos desvalidos. Apesar do ego imediatista ver fatalismo (sem razão), temos a proteção necessária para se adaptar e fazer as barganhas, resgatar o que ficou pendente sem esquecer de buscar a alegria.
E o mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência...
Existe a dor do tempo, da espera de fazer as pazes com alguém ou com a nossa própria alma. Viajante, um Arcano não é só de fora para dentro, mas também de dentro para fora. Há uma urgência sim, de se renovar e quando isto é feito, o tempo de ver esta semente de reflexão passiva se transmutar é Kairos - tempo das coisas certas - e não da nossa vaidade imediatista que não percebe a interferência dos planos superiores para nosso bem: o pneu que fura a caminho do casamento do amigo, um atraso que faz você perder aquele vôo para Paris, por exemplo.
Será que é tempo que lhe falta prá perceber? Será que temos esse tempo prá perder? E quem quer saber? A vida é tão rara, tão rara...
O belíssimo Arcano XIIII - A Temperança - é reconciliação com paciência e tempo de alquimista medieval. Virtude de quem quer acertar na jornada, meu caro Viajante, mas tendo deixado assuntos não resolvidos entre os véus do esquecimento, este Arcano é o lembrete da Divindade Cósmica, mostrando que agora a morosidade se instalou e se tiver paciência, a demora será menor, mas não pouca. Porém entenderás no final, que foi também uma benção. Se tempere com ela e se equilibre na paciência, mantenha os ideais. Demora, mas valerá à pena! Não lute contra o inevitável, que no caso é comungar com o tempo linear.
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma eu sei, a vida não para, a vida não para não... A vida não para, a vida é tão rara!
Paciência - Composição: Lenine e Dudu Falcão
Arierom!
ResponderExcluirBelo texto! Adorei a analogia do Arcano XIV com esta música, que traz uma mensagem divina e essencial para os dias de hoje. Sem contar que amo Lenine.
Parabéns!
Abraços.
Raquel
Raquel,
ResponderExcluirduas pérolas para reflexão: Lenine e Arcano XIIII. Abraços;
A.:.S
Linda análise, linda percepção da ação e do Tempo. Sugiro também outra Música, do grupo Madredeus: Silêncio.
ResponderExcluirMe embalaria em reflexões sobre a Arte.
Evohé!
Emanuel,
ResponderExcluirverei o que posso traduzir do Silêncio.
Obrigado pela apreciação e comentário!
A.:.S
PERFEITA A ANALOGIA...
ResponderExcluirESSA MÚSICA DO LENINE TUDO HAVER...
Mais um texto primoroso...
Vale a meditação com o Anjo da Temperança ao som o Lenine...
abração.
Luiz Costa, obrigado. Bom domingo! :)
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