Por que me ardem os instintos? Queima e consome sem diluir ou consumar o que sinto? Nem a mais alva das manhãs que já vivi é tão fascínio de brilho e luz, como as trevas da minha alma seduzida, sendo invadida de torpes pensamentos e desejos inválidos e fico entregue a iludir-me.
Dilacero a revelia minhas entranhas com tormentos ocultos, abandonado a guisa de luxúrias terçãs e ânsias de uma furiosa loucura onde não me contenho. Permito-me ser arrastado por harpias incólumes a gargalhar para um torvelinho de não poder viver plenamente os pecados que no meu âmago desejam aflorar e extravasar.
São flores amorais, sobre o túmulo de absurdos impróprios deste mortal que imoralmente quer sobreviver à cata dos orgasmos idílicos que não retornarão jamais, ou daqueles rompidos antes de serem concluídos, degustados antes de serem consumidos, esvaídos sem nunca serem consumados.
Ai de mim! Tão engano e acerto como diabo em arcanjo, homem na mulher, fêmea no macho; bestial ser grotesco, mais instinto pervertido que imagem e semelhança do adâmico ser...
Enquanto sobe o pano dos desejos lascivos e tíbios, expondo à platéia orgíaca os meus devaneios excessivos de formidáveis desenganos; archotes de cena focam sobre a última fala do ato ignominioso, deste ator priápico e insolente:
“Perdão, Alma Minha! Perdão por perverter-te terrivelmente assim! Corrompendo e apartando-a para tão longe de mim! Perdido num labirinto tão fora de Ti, por prazeres que desejo provar, de gozos que não retornam alguma satisfação para outros quaisquer fins!”
Ai de mim, a me perverter solitário e desencontrado de Ti, Alma Minha!
Eu, onanístico onagata, pelo moto perpétuo do porvir, por entre infames e pérfidas delícias, cismo: Se mesmo das águas do Aqueronte, ser condenado a beber até o dia do juízo final, não me importa! Não me importa! Se em purgatório dela tenha então que até lá solver!
Maravilhoso texto,Arierom.Simplesmente divino!Aposte o próprio Universo alma,à quem pedes perdão,que "ela",não só nos perdoa como nos permite sermos devassos até certo ponto.Podemos ir além claro,mas então,isso não seria prazer,seria tormento e,cruel criatividade que só traria destruição...
ResponderExcluirParabéns pelo belíssimo texto.
Radi,
ResponderExcluirtodo extremo, seja por excesso ou escassez é prejudicial. E entre subidas e descidas de nossa manifestação é ela, a Alma, que nos acompanha até o derradeiro momento de voltarmos a ser espírito.
Forte abraço.