domingo, 11 de setembro de 2011

O Sagrado

Sagrado e Simplicidade
O Sagrado não precisa ser sacralizado. Sua importância está dentro do que pode e merece ser respeitado, melhor ainda quando amado. O sagrado reside em tudo a nossa volta. No grão de poeira, na erva rasteira de uma estrada qualquer, no voo do pássaro, no sorriso do idoso, no sono da criança, na chuva que cai. No vento quente do deserto, no clarão do relâmpago, no orvalho da manhã.

O sagrado está nas pequenas coisas que vemos, mas não enxergamos. Em coisas tão profundas que mal notamos sua superfície e atravessamos apressados para outro lado da rua. O sagrado mora dentro e mora fora de nós. Na brevidade a qual nos apegamos e chamamos de vida, de onde muito se espera e tão pouco se faz. Ainda o sagrado estará na vida, no viver e no vivido.

Breve é o nosso tempo de vida, e é tão sagrado que não tem preço, doe!

O sagrado reside tanto nas mudanças das estações quanto no fluxo das mares. No pulso do timoneiro, como na voz do capitão; na embarcação, como na âncora que a paralisa num porto seguro. A terra firme é sagrada! Sagradas sejam as tempestades em alto mar, que moldam os melhores marinheiros e a fé sagrada dos passageiros de então!

Sagrado é ouvir o coração e acatar sua voz silente. Com o respeito que deseja para si.

Para alguns, sagrado é um lugar como uma montanha ou uma floresta. Uma edificação milenar, um livro antigo. Um ser predestinado a profeta ou santo. Sagrado pode ser tanto um invisível pessoal ou coletivo ou manifesto em formas variadas, nomes variados.
Fragmento de manuscritos do mar morto
Para outros, sagrado é o lar, a família. O descanso semanal, a hora da refeição, a noite de sono merecido. Para outros tantos, o direito sagrado de ir, vir e ficar. Só.

O sagrado está no caminho, no caminhar e no caminhante. Está na cura, no curador e no curado. No giro das constelações sobre nossas cabeças. O sagrado tem seus mistérios e caprichos e pode residir no profano, mas jamais no impróprio que a alma reconhece como indevido. O sagrado gera vida no claro, no escuro e na penumbra. Nos amantes, nos amados, nos profanos.

Sagrado é originar mais vidas, preservá-las!

Por vezes, criamos e construímos na ilusão de usufruir mais desta impermanência. Viver uns 100 anos… Mesmo se vivêssemos 200, seriam todos morridos num mesmo momento. E o sagrado dessa experiência? Estará no que acumularmos e pudermos levar para a outra viagem. Tão sagrada quanto incrível. A morte.

O sagrado não estará no que escolhermos possuir, mas no que realizarmos durante a vida, definindo a qualidade da bagagem para tal viagem.

Li certa vez: Ame uma pedra como Deus, mas não ame Deus como uma pedra. Para alguns o sagrado é O Sagrado e pronto acabou! Outros não encontram ou possuem nada de sagrado nesta jornada (assim pensam). Para estes e outrem se aconselha olhar num espelho. O mais belo sagrado estará olhando de volta. Bem nos olhos!

Bom domingo, sagrado Viajante!

3 comentários:

  1. Após este texto lindo, a única coisa que tenho a dizer é "Amém"!

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  2. Sempre belo acompanhar teus raciocínios tão cheios de ternura, Arierom. Meu sagrado, hoje, é ouvir o violão dialogar com o piano no grupo The Civil Wars. Ali, aqui, entrementes, está Deus.
    Um abraço.

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  3. Adash, obrigado! <|:)

    Emanuel, meu sagrado hoje é curtir o carinho dos amigos!

    Gratidão a todos! #14desetembro

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