quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Mago e o poeta

O Pelotiqueiro de Wirth

Viajante, esta lâmina dá o pontapé inicial dentro da estrutura dos Arcanos Maiores. Um jovem em pé em frente a uma mesa onde contém adereços simbólicos espalhados sobre a  sua superfície. Estes objetos, por correlação oculta,  referem-se aos quatros planos da vida e igualmente aos quatro elementos da natureza da tradição ocultista ocidental, que intimamente reportam-se aos quatro naipes na filosofia taromântica.

O bastão que segura em posição mais elevada, liga-se ao Plano Espiritual, ao Elemento Fogo e ao Naipe de Paus. Em outra mão aponta uma moeda, representando o Plano Material, Elemento Terra, e Naipe de Ouros. Sobre a mesa que representa o mundo físico, temos ainda uma taça a simbolizar o Plano Sentimental, o Elemento Água e o Naipe de Copas. Uma espada  que compõe a cena faz alusão ao Plano Mental,  ao Elemento Ar e ao Naipe de Espadas.

Em minha indução ociosa, traço algumas analogias do quanto esta simples figura traduz os desafios e aprendizados do ser humano, pois sobre o mundo físico – mesa - repousa as questões mais complexas e delicadas da vida a meu ver: o pensamento simbolizado pela espada, e o amor  representado pela taça, pois estes artefatos também remetem aos princípios da polaridade e dos gêneros, feminino (taça) e o masculino (espada).

Quando possuímos preparo, e chamo vossa atenção Viajante, que o jovem está olhando de lado, demonstrando confiança e preparo, e preparar significa treinar, o Mago manipula com habilidade e confiança os aspectos materiais apoiados na moeda. Evidenciando conhecimento dos princípios da correspondência com o bastão  segurado acima dos demais adereços representativos dos mundos arquetípicos do homem, assim podemos seguir com este jovem que significa início, a nossa jornada individual de preparo.

O Poeta
Camões na prisão de Goa - Pintura anônima de 1556
Entendendo que os planos materiais e espirituais não são antagônicos, mas opostos, ou seja, extremos da mesma coisa, que se complementam pelo intelecto e o amor. Não deveriam ser vistos com olhos de Maniqueu. Já pensamentos e sentimentos de certa forma não se entendem muito bem a principio, pois como dizia vovó “quem pensa não casa”. Mas quem manda neste deserto que é o coração?

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Imagem do Arcano I – O Mago: Le Tarot des Imagiers du Moyen-Âge de Oswald Wirth - Editions de L'aigle

4 comentários:

  1. Que Post Fantástico!
    Amigo ARIEROM:
    Li duas vezes a sua matéria... com a sua nobre narrativa consegui compreender a profundidade que cada elemento representa, bem como a ponte de ligação do cordão de prata universal junto ao homem. Parabenizo-o ardorosamente por mais um magnífico Post!
    Abraços fraternos,
    Paz e Luz!
    LISON.

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  2. Saudações,Arierom.Grande Arcano...O passado foi-se,façamos o futuro;o presente agora...Realmente,grandes retornos e belas retas infinitas sempre nos trarão novos horizontes,masssss, quem avisa amigo é,apertem os cintos,(a viagem não é fácil)... Parabéns pelo excelente texto; que ele seja realmente uma luz inicial,e que faça reviver alguns MAGOadoS cérebros inertes mesmo.
    Grande abraço.

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  3. Bela citação, quem pensa nao casa mas quem manda no coração?
    A analogia foi perfeita, em cima da mesa esta nossos motivos de busca, confusao, alegria e tristeza, para nos tarologos sabemos bemo que isso representa.O amor e o dinheiro movem os clientes a nossa procura.Belo texto, abs!

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  4. @lysonn; @Radi; @Senhordavida,

    obrigado amigos pela apreciação e os comentários!

    Abraços.

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