domingo, 18 de outubro de 2009

A Ciranda dos Arcanos Maiores

JapaMala & Tarot - Léo Chioda

Viajante, temos vinte e dois conceitos evolutivos e sintomáticos nos Arcanos Maiores, que reportam atitudes ou energias arquetípicas de nossa vida ou de situações. Generalizando - grosso modo - a seqüência estrutural, temos O Mago relatando o início, a vontade de aprender para ser. 

A Papisa nos falando do enclausurar, estudo e sabedoria, da retenção de muitos pensamentos profundos e não revelados. A Imperatriz nos reporta ao desenvolvimento de situações e vontades, a ela também são dados os eflúvios da gestação, maternidade e criação, é a mãe no Tarô. No Imperador, o poder de organizar, mandar e realizar, a figura do pai. No Papa, a disciplina moral e a ética no meio social, conservador e justo, rege todo tipo de contrato verbal ou escrito.

O Arcano O Enamorado, Os Amantes ou O Amoroso - como pessoalmente chamo, trás as situações de livre escolha, que às vezes se traduzem em dúvidas, mas não incertezas paralisantes ou cáusticas, um impasse para seguir no máximo, pois ele sempre fará o que deseja. No Carro, temos a direção rápida e decidida, prenúncio de vitória e conquista. Seguindo encontramos A Justiça, o ponto de equilíbrio imparcial e racional, decisão fria e cautelosa, mas sensata e incorruptível. No Eremita, a reclusão social e a pesquisa de vida dentro de um isolamento voluntário, para então, revendo sua bagagem de experiência pessoal, enxergar o como solucionar deste ou daquele problema e lentamente transpor, com sabedoria, os obstáculos para só então retornar ao convívio dos demais.

A Roda da Fortuna gira e modifica nos trazendo rápidas surpresas, mas nada que seja drástico ou fatídico. São oscilações e mudanças que não estão nos planos, porém seus resultados não se traduzem em insucessos. Na Força, encontramos o controle de si mesmo sobre a fera interior, domínio de desejos e paixões, mas sem deixar de lado a própria vontade. No Pendurado encontramos a fase das utopias e auto-sacrifícios, da ilusão de si mesmo frente à realidade que está em desacordo. Na Morte, temos o momento que acordamos das utopias, os cortes que necessitamos fazer. Realizamos mudanças, geralmente não agradáveis, porém necessárias para seguir. Extirpamos uma unha para não perder um dedo.

O Diabo e Os Amantes

Na Temperança, um estágio lento e demorado de espera e marasmo, mas que não é ruim, tirando a ansiedade de realizar. Fala da reconciliação ao longo do tempo, mas esta letargia é uma benção que pede: resolva pendências para seguir. Seu Arcano sucessor é O Diabo, o lado que tentamos negar em nós, as paixões e instintos, o desejo de possuir, o poder e o domínio sobre a matéria, a diversão e a sexualidade imoral e promíscua, mas ele não liga: quer que quer ter e tem! Quando nos deparamos com a Torre, este próximo Arcano tem o famigerado ruir do meio ambiente, desmoronar das fachadas sociais, o cair das máscaras. Onde tudo que é falso ou excessivo se rompe, verdades dos envolvidos se revelam sobre seus escombros, uma ação corretiva, hora da colheita, amarga sim e até cruel, porém libertadora. 

Não há meio termo...

A Estrela fala do passo da libertação, da leveza e da fragilidade, reporta esperança numa nova vida, mesmo que ainda não se saiba bem qual é esta, mas se está livre de opressões do passado. Ainda é noite e A Lua corta o mesmo céu noturno do Arcano anterior, chegou o momento de separar o joio do trigo, assimilar todo o trajeto até então, discernir, buscar saber “quem eu sou”, expandir ou então retroagir... atenção aos devaneios. E no próximo Arcano encontramos o triunfante Sol, a recompensa merecida do caminhar, o tudo de bom, o Arcano da simbiose do destino com o nosso livre arbítrio, sucesso, realização, amor e afeto onde conhecemos nossos limites e a vida sorri aberta sobre seus eflúvios majestosos de sucesso e felicidade. 

Qual é o Sol da tua vida, Viajante?

No Julgamento, temos um condutor de evolução que elabora novos horizontes, traz em si as mudanças do destino que ainda sequer sonhávamos e sugere renascimento e algum tipo de avaliação do nosso comportamento, baseada em nossa evolução pessoal (individuação). Devemos aceitar sua sentença, pois vem de forma incondicional, argumentando e qualificando nosso estágio. Assim encontramos através da transcendência do Julgamento o progresso do Arcano seguinte, O Mundo, onde elaboramos a síntese da vida, e o continuar dos planos e projetos. Ele fecha a contento todo um ciclo, deixando um elo de ligação sutil e perfeito. A conclusão natural na busca da perfeição de vida, com sorte, recompensa e alegria, o novo se abre tão naturalmente a nossa frente como se fecha o antigo a nossas costas.

Assim buscamos o revolucionar da nossa evolução de vida pela vida e ousamos sem pretensão e rumo através do Arcano Sem Número - O Louco. Expandimos e partimos sem pensar nas conseqüências, este Arcano traduz o momento mais livre da vida, um momento muito poderoso, porém faltando planejamento, aliás, que não é o forte do Louco. Só não é o mais perfeito dos Arcanos na estrutura do Tarô por não saber seus limites pessoais. É o elo do Mundo com o novo que habita o Mago, que a tudo inicia. O Louco inventa e avança com a alegria amoral de criança, é o caos que se aventura talvez rumo à ordem, mas só quando e como ele desejar, pois tudo é uma despreocupada para ele.

6 comentários:

  1. Muito bom ...
    uma jornada incrivel ...
    rumo ao auto-conhecimento ...

    perfeito

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  2. Rafael
    certamente, e é uma jornada que sempre estamos fazendo! Grato pelo comentário!

    Arierom.

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  3. Deliciosa ciranda, como e gostosos viver.
    E como o tarot sabiamente sabe interpretar a trajetoria natural de todos nos espiritos encarnados.Todo mundo se encontra num estagio individual, tendo como meta, a tingir a perfeição do ultimo arcano: O mundo.
    Mas as vezes é preciso retornar, e ai, nada melhor que o Louco.Bom findi amigo.

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  4. Senhor da Vida,
    e a Criança do Tarô pode nos surgir em qualquer estágio da Jornada nos propondo aventurar! Um excelente fim de semana! : )

    Arierom.

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  5. Feliz em ter chegado aqui. Uma bênção!

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  6. Rafael Moreira,

    reparei tardiamente o desaparecimento de minha resposta a ti.
    Obrigado por nos prestigiar!


    A Negra Ama Jesus,

    obrigado! É uma benção vossa passagem e comentário.
    Uma boa vida a todos!

    Arierom.

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