domingo, 9 de agosto de 2009

O Tarô, o taromante e o consulente

A 
Cartomante Burle Marx - 1951


Viajante, estes três componentes é que realizam a magia da leitura. O Conjunto dos símbolos, o interprete habilitado e aquele que o procura. Mas cada um dos seres humanos envolvidos num atendimento se achega ao Tarô por vias e motivos diferentes.

Digo que um taromante tem “n” motivos para se comprometer com o oráculo. Que não existe uma fórmula certa ou errada de aprender e praticar a mancia, apenas meios mais adequados ou menos equivocados de exercer a “arte” e com ela abreviar, explicar ou apontar saídas para aquele que procura um bálsamo para alguma angústia momentânea.

Quando um taromante se “autoconsulta”, precisa de um elevado senso de impessoalidade e imparcialidade para retirar algo válido para si mesmo, sem se deixar conduzir pelo ego vaidoso e/ou seduzido pelos devaneios do orgulho na auto-indulgência. Pois mesmo que desconheça este aspecto trino, se torna delicado ser dois ângulos distintos do triângulo mágico de uma consulta.

Pessoalmente, quando procuro um colega de ofício, prefiro ser apenas consulente, deixo a porção tarólogo na salinha de espera. Noto equívocos em comunidades virtuais onde este fundamento não é compreendido e praticado.

Há praticantes que tem enorme dificuldade em amoedar um atendimento, pois ao não cobrar se excluiria da responsabilidade de acertar/errar. Simplesmente se esconde sobre um manto de cautela que na verdade é mera covardia ou preguiça bobagem. Outros preferem atender apenas conhecidos pelo mesmo motivo: “Olha, tô começando não espere muito...” 

Tímidez

E quando se sentem impotentes seguem pelo achismo e imbróglio. Há alguns que evitam atender os conhecidos, pois: “Eu te conheço. Você não levará a sério o que o Tarô falar.” Faltando comprometimento e abertura e, por que não dizer, discernimento para com o processo. Blindado pela máscara de um simples curioso sem qualquer responsabilidade e envolvimento com oráculo, com o próximo e com o ofício.

Ou ainda se envolve energeticamente no emocional do conhecido ou do “estranho” e acaba comprometendo a leitura, por entrar no palpite pessoal e não no que apresentam os símbolos para a questão. Mais grave ainda, quando deixa de avaliar a questão para julgar o proceder do consulente, condenando a conduta moral do mesmo. Passando a dar lições de moral ou carões repressores, condenando e espezinhando com atitudes que entram pela hipocrisia e se aprofundam em moralismo despótico.

Como alguém acima do bem e do mal e dono da verdade, baluarte da virtude, guardião e protetor das virtudes dos dogmas sociais. De conselheiro das coisas da alma se faz patrulheiro da moral e dos bons costumes e opressor daquele que veio com um facho de esperança dalgum conforto, e sai pior do que entrou. Uma lástima. Pois a ética de um tarólogo passa também (ou principalmente) pelo respeito ao próximo, ao Tarô, como ferramenta evolutiva, e da classe, que bem ou mal está naquele momento representando.

Em nada importa por base o quanto sabe ou julga saber de Tarô, mas como expressa o que possui como cabedal, sem fantasias ou explicações mirabolantes ou sem contexto com os símbolos. Basta o simples e sincero das suas aptidões, fazendo o feijão com arroz e não se terá o que temer. Sem esquecer que um consulente pode ou não seguir as orientações, ou pior, que este mesmo fique como mero espectador a espera do Tarô redesenhar seu destino.

Nem tudo é destino, livre arbítrio ou carma. O ego é tão volúvel quanto indolente, mas aquele que sabe ouvir o que perguntou e se situar saberá como solver, contornar, assimilar um impacto ou alterar um caminho pela simples advertência que façam as cartas. Mas mesmo assim nossa função tarólogo/taromante é de preparar as mudanças e transformações que estão se avizinhando, sejam positivas ou nem tanto. 

egos

Sem temer acertar ou errar previsões, desde que assim atuemos com a honestidade do nosso melhor e não façamos dos resultados a causa única, mas apenas a conseqüência do tal comprometimento que temos com nosso proceder, o Tarô e a vida. Dando mais valor e poder em poder servir, do que se fazer de todo-poderoso senhorio do destino alheio. Sendo você também inquilino da vida que julga possuir (viver).

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