segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gelinho na barriga

Roda da FortunaBack
imagem: Renaissance Tarot Deck de Brian Williams - U.S. Games

Hoje estava pesquisando uns conteúdos para futuras publicações, quando encontrei a apostila do meu primeiro curso de “Interpretação das Lâminas”, que foi num dia inteiro. Folheando e relendo, brumas de recordações e saudades, aquelas páginas em xerocópia foram baixando silenciosas. Revisitei aquele domingo de inverno ensolarado de 4 de agosto de 2002, no hospitaleiro espaço holístico e casa de Crismara. Lembrei de como fui apresentado a sua coleção de Tarôs, e mostrei assim o meu primeiro conjunto adquirido um mês antes, o Renaissance Tarot Deck.

Ela contou-me os mitos e lendas das possíveis origens sagradas, do Egito, dos Ciganos. Ouvi nomes como Papus, Levi, Etteilla e Crowley, que não soavam tão estranhos, e com maior familiaridade, Eliphas Levi, que na flor da adolescência devorei “As Chaves dos Grandes Mistérios” mesmo não entendendo seu teor ou onde aquilo poderia me levar. 

Meus hábitos esquizotéricos possuem raízes precoces, de infância. Fui leitor contumaz da “Revista Planeta”. Também me apresentou sua repleta biblioteca, da qual naquele dia, retornei para casa com três livros: “O Tarô Mitológico”, “Tarô dos Boêmios” e “Tarô Clássico”. O que li e reli foi o Tarô Mitológico, fiz cópia manuscrita resumida até dos Arcanos Menores. Os demais não fluíram... e até hoje não os li na íntegra.

Ela ia traçando junto a cada Arcano apresentado em sua ordem estrutural crescente, correlações com os orixás do Candomblé e personagens da mitologia grega. Cada carta era me revelada com seu número e nome, com palavras chaves...

O Mago, ou Prestidigitador é o Arcano I, Palavra chave: Ponto de Partida têm correspondência ao orixá Oxalá e Mercúrio na mitologia... e assim seguiu toda parte da manhã até o delicioso almoço naturalista, regado a suco de frutas.

A parte da tarde falou sobre, cores, posições das figuras, e alguns significados dos apetrechos que os Arcanos carregavam. Passou meu primeiro método das “17 Casas”, mais os macetes de algumas combinações. Falou da importância de orar antes e depois de uma leitura, de ter alguns símbolos de proteção sobre o pano de atendimento. Fez um jogo teste com o método das 17 Casas. E na apostila mais métodos, pra estudar em casa...

Alguns desses ainda uso com certa freqüência nos meus estudos e práticas. Ela estava tão entusiasmada como eu, com algumas analogias que fui fazendo ao longo do dia. Então me aplicou um pequeno teste escrito, onde fiquei com média 7,5. Entretanto, no encerrar daquele glorioso dia de aula, ela fez uma tiragem: baseada em um Arcano apenas, que seguindo uma tabela responderia “Sim”, “Não” ou “Tire Outra”. E perguntou se eu seria futuramente um bom Tarólogo.

A Cartomante - Machado de Assis

Não lembro o que saiu, pois logo que eu escolhi a carta e passei “fechada”, (sem desvirar), o rosto iluminado de Crismara se fechou ao ver o resultado...

Segundo uma tabela, apontava um tremendo NÃO! Ela sem graça e eu com um friozinho na barriga... Sete anos depois, rindo dessas lembranças eu também me pergunto: Serei futuramente um Bom Tarólogo?

Só que não ouso puxar uma carta ou jogo para isto. Ainda me dá um frio na barriga...

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