domingo, 14 de junho de 2009

Caçador de recompensas

Nos dias de hoje, não há como praticar sortilégios com Tarô sem a tal Tarologia. Com ela entendemos como funciona a Taromancia ou simplesmente Adivinhação. Para praticar todo estudo e entendimento da Arte, temos que estudar e entender outra vertente: Metodologia. E assim saber escolher o método mais indicado para um presságio. Constatem com carinho o brilhante artigo de autoria de Rogério Novo sobre a Cruz Celta.

E como é fundamental ser ético num atendimento. Há uma infinidade de conceitos moralmente aceitos e praticados por mim que para outro taromante não o são e vice versa. Penso que nos “antigamentes”, com as cartomantes, tudo isto já existia: Tarologia; Taromancia; Metodologia; Ética - de alguma forma, sem tantas definições, dicotomias racionalizadas em suas práticas, como se apresenta atualmente. Evolução?

Outra função pertinente ao gênero humano também entra no contexto, como a intuição. Faz parte do pacote. Penso que Tarô já é uma ciência não mais oculta, porém ainda do orbe de esotéricos e similares. 

A mística da coisa ainda permeia o imaginário popular, se derrama sobre crenças pessoais (também tenho meus dogmas, não se engane, caro viajante) mesclados com fundamentos filosóficos espirituais e religiosos. Julgo ser prejudicial e não apropriado, pois o Tarô é livre, libertário e libertador. Não está preso ou sob o domínio de nenhuma religião, segmento espiritual ocultista ou disciplina acadêmica, a meu ver. 

Mas se alguns acham que sim... aí o problema não é meu. Já não me causa espanto quando recebo pedido de informação sobre o meu trabalho e vêm perguntas do tipo: 

a) Você faz trabalho de amarração ou desmancha mandingas?
b) Você receita florais? Acupuntura? Massagens? Dá passes?
c) Nossa! Você cobra!?! Mas... caridade não é de graça?
d) Às três da manhã me ligam: Você pode me atender agora?
e) Quais seus dons paranormais?
f)  Que guia; mentor; mestre ascencionado você usa na consulta?
g) Que tipo de ritual você pode passar pro meu problema?
h) Em quanto tempo você resolve meu problema?
i)  Mas se você é adivinho... não descobre o meu póbrema?
j) Que tipo de taroti você lê? Eu não gosto daquele Marcela, é muito feinho e está desatualizado e fora de moda... 

Penso que a causa de fatos assim não é responsabilidade daqueles que nos procuram, mas da nossa “classe” em geral. Vejo que de certa forma, mesmo sem querer, contribuo involuntariamente para isso. 

Ainda nos vêem como seres especiais e com super poderes astrais. E alguns egos taromânticos apreciam a tag. Que temos convênio com o destino e seus desígnios, linha direta onde o Criador além de nos atender a qualquer hora, fará através de alguma magia, alterações naquele plano que não vai ao gosto do cliente. Que a Arte pode mudar fados e fardos e fatos ao preço módico de uma consulta de hora e meia em média – com direito a retorno, feito consulta de médico, e help desk 24 horas. 

O Tarô certamente aponta, aconselha e orienta um dado momento na vida de uma pessoa, mas quem tem o poder de mudar algo é aquele que está se consultando. Nos cabe orientar, mas há fatos que não estão no script que este veio desenvolver, e geralmente o apego, vaidade e orgulho de cada um é a fonte geradora de sofrimentos: suas próprias ilusões e devaneios. E saem às vezes revoltados ao saber que ele/ela não volta e nem os ama: 


“Mas você não traz ele de volta... amarradinho aos meus pés?” Respondi assim: “Desculpas, sou taromante, não caçador de recompensas à la Velho Oeste

Acreditem... ela não entendeu nem uma nem outra coisa. Respeitar o momento de dor do outro, não significa não usar de bom humor ou perder a esportiva. Mesmo em face de algo que os símbolos indicam não pertencerem àquela pessoa, não significa que ficará sem resposta. O Tarô tem saída para tudo que se imaginar através de seus conselhos: "Faz quem pode, segue quem quer."

Quem quer?

4 comentários:

  1. Simplesmente "ferpeito"!
    Enfiou o dedo na ferida e rodou! :o)
    Continue nessa jornada herética e heróica!
    Abração,
    Rogério Novo

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  2. @Sri Roger:
    "A messe é grande, e os obreiros poucos", então continuemos todos.
    Se o Tarô é um estudo para uma vida toda o comprometimento é todo dia.

    []'s heréticos!

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  3. perfeito, o povo realmente precisa se aprofundar nesse universo, pra perceber que cada macaco no seu galho, nao é apenas uma expressao, em certos casos é essencial.Tarologo e um profissional, pai de santo um mestre religioso.

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  4. @Senhordavida,

    concordo, e cabe a nós tarólogos sempre que houver esta "confusão", explicar que o Tarô não está ligado a religiões, seitas ou escolas de mistérios...

    Tarô é Tarô.

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